segunda-feira, 31 de março de 2008

Secretário do Tesouro propõe reforma da regulamentação financeira nos EUA


O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, apresentou oficialmente nesta segunda-feira (31) um vasto projeto de reforma da regulamentação financeira, atribuindo sobretudo uma missão muito maior ao banco central, mas os críticos se questionam o alcance real das medidas anunciadas. "A estrutura de nossa regulamentação atual não está pensada para enfrentar o sistema financeiro moderno com seus diversos atores, sua inovação, a complexidade de seus instrumentos financeiros, sua integração mundial", afirmou Paulson em um discurso, referindo-se a um sistema "balcanizado".

A regulamentação atual é, na verdade, um mistura de textos realizada durante diversas crises atravessadas pelos Estados Unidos desde a Guerra da Secessão. A parte mais importante da legislação foi instaurada no dia seguinte à Grande Depressão dos anos 30, mas, como ressaltou Paulson, ela não está mais adaptada a um sistema financeiro extremamente complexo, globalizado e heterogêneo. Enquanto as competências das diversas agências se sobrepõem com freqüência, pontos fundamentais da atividade financeira - sobretudo os complexos fatores que levaram à crise atual - escapam a qualquer legislação.


Maior desde os anos 30

O projeto de reforma, o mais ambicioso desde os anos 30, visa também a eliminar as redundâncias do sistema e a preencher suas faltas, com medidas escalonadas no curto, médio e longo prazo. O aspecto principal é sem dúvida a atribuição de uma missão consideravelmente maior ao Federal Reserve (Fed) no controle do sistema financeiro. "Levando-se em consideração seu tradicional papel de promotor da estabilidade macroeconômica, o Federal Reserve é a opção natural para a importante tarefa de regulação da estabilidade dos mercados", afirmou Paulson. No novo sistema previsto pelo Tesouro, o Fed poderá "vigiar os riscos para o conjunto do setor financeiro", incluindo os bancos de investimento, companhias de seguro e fundos de investimentos de risco ("hedge funds"), enquanto que sua missão atual se restringe essencialmente aos bancos comerciais.
Medidas

Entre as outras medidas anunciadas, encontram-se a criação de uma agência de vigilância de empréstimos imobiliários e a fusão da Securities and Exchange Commission (SEC), autoridade regulamentadora dos mercados financeiros norte-americanos, com a Comodity Futures Trading Commission, autoridade de regulação dos mercados de matérias-primas. Entretanto, os críticos questionam o alcance real deste anúncio espetacular. De um lado, as reformas planejadas não serão aplicadas antes do fim da crise financeira, dissePaulson. Por outro lado, a idéia não impedirá especificamente um retorno da crise atual.

O projeto foi lançado em março de 2007, ou seja, antes do início das turbulências financeiras, em um período em que as empresas se queixavam sobretudo do peso da regulamentação. Paulson disse: "Eu não disse que a resposta passa por uma regulamentação maior".

"O governo não aprendeu nada com a crise atual, mas por razões políticas, deve mostrar que está fazendo alguma coisa", lamentou nesta segunda-feira Paul Krugman, o editorialista do New York Times, falando em uma pôr ordem na casa. Alguns questionam os poderes atribuídos ao Fed. A instituição terá "vastos poderes" e "a autoridade necessária" para intervir em caso de "riscos para nossa estabilidade financeira", assegurou Paulson. Mas o projeto permanece impreciso a respeito das formas e da amplitude desta autoridade.


Fonte: Globo.com, disponível em: http://www.globo.com/; acesso em 31/03/08 às 17h48m.

domingo, 30 de março de 2008

Monitore o vaivém dos seus clientes





Monitore o vaivém dos seus clientes, acompanhar o fluxo de pessoas que entram e saem da loja ajuda a traçar estratégias e avaliar resultados. Você sabe exatamente quantas pessoas entram todos os dias no seu negócio? E a sua vitrine nova consegue atrair mais gente para o lado de dentro do estabelecimento? Controlar o fluxo de clientes é não apenas viável como uma ferramenta útil para estabelecer estratégias de atuação em diversas áreas da empresa. Além disso, auxilia na avaliação dos resultados das ações implementadas. Sistemas automatizados com feixes infravermelhos monitoram o entra-e-sai, enquanto os formados por câmeras com visão robótica indicam também quantas pessoas passam em frente à sua porta e quantas param para olhar as mercadorias expostas - até o tempo de permanência na frente da vitrine pode ser medido. Também é possível escolher áreas no interior da loja para serem monitoradas e, assim, descobrir, por exemplo, o tempo médio em que os clientes ficam vasculhando uma arara com roupas em promoção.


Relatórios gerados pelos sistemas diariamente, ou mesmo de hora em hora, revelam a taxa de captura - ou seja, comparam o número de pessoas que passam em frente ao negócio com o das que entram para comprar ou pedir informações. Eles também identificam a taxa de conversão, que indica, do total de clientes que entram no estabelecimento, quantos compram. "O uso dessas informações é muito abrangente. É possível fazer testes nas vitrines até conseguir a melhor taxa de captura. Com as informações também pode-se adequar o número de funcionários conforme o horário de maior fluxo de pessoas e o estoque de acordo com o histórico de vendas, considerando-se os períodos de sazonalidade", afirma Paulo Sérgio Campos, diretor da Feixe Tecnologia, especializada em sistemas de contagem.

De acordo com as empresas fornecedoras, a tecnologia ainda é uma novidade para os pequenos empreendedores. A gigante Brasil Telecom instalou o sistema em 30 de suas lojas próprias em novembro do ano passado e já tem planos para repassar a novidade a alguns franqueados da rede no primeiro semestre de 2008. "No primeiro mês, descobrimos qual era a nossa taxa de conversão média, no caso, 4%. A partir de então, criamos ações para melhorar as lojas cujo índice estava mais baixo. Também identificamos problemas internos de gestão e preparamos treinamentos", diz Anselmo Brigantini, gerente de canal da Brasil Telecom. Com as iniciativas, ele espera que ainda neste mês de março todas essas lojas já alcancem a taxa média de toda a rede.


Fonte:Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios http://empresas.globo.com/Empresasenegocios/0,19125,ERA1674286-2992,00.html; acesso em 30/03/2008 às 13h04m.



Petrobras descobre outro poço na Bacia de Santos.


A Petrobras encontrou mais um reservatório de petróleo e gás abaixo da camada de sal, em área ultraprofunda, na Bacia de Santos. Foi no bloco BM-S-8, ao sul das reservas gigantes de Tupi, considerada um megacampo de petróleo, com um volume estimado entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris.

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) recebeu a notificação no dia 6 deste mês. A empresa informou que não fez comunicado ao mercado porque ainda não foram feitos testes de produção para avaliar o potencial da jazida. Esse é o nono poço bem-sucedido na região, que vem sendo encarada como a principal província petrolífera mundial encontrada nos últimos anos. Em apenas quatro poços foram feitos testes de produção.


O BM-S-8 fica no entorno de uma área com potencial de reservas, batizada pela Petrobras e seus sócios de Carioca, que se estende por quatro blocos exploratórios na porção paulista da Bacia de Santos. Analistas acreditam que essa área pode ser maior que a de Tupi. Em relatório de dezembro do ano passado, o Banco Credit Suisse estimava a existência de algo entre 7 bilhões e 24,5 bilhões de barris em Carioca.


Fonte: http://g1.globo.com/; acesso em 30/03/2008 às 12h47m.

Reportagem do dia 29/03/2008 - 08h32 - Atualizado em 29/03/2008 - 08h44.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Bovespa acompanha mercado dos EUA e fecha em queda

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) voltou a acompanhar Wall Street nesta sexta-feira (28) e fechou em queda. O Ibovespa - principal índice de ações brasileiro - teve baixa de 0,51%, fechando aos 60.452 pontos. O volume financeiro negociado, abaixo da média diária, ficou em R$ 3,93 bilhões. Entretanto, a semana foi positiva para a Bovespa, que subiu mais de 2% desde segunda-feira (24), depois de fortes quedas na semana anterior.

O economista Luiz Otávio Leal diz que a Bovespa melhorou porque as ações das empresas que vendem commodities - como a Petrobras e a Vale, que respondem por 30% do índice Ibovespa - se recuperaram. Segundo ele, o dólar está em alta porque há uma expectativa de que os números das contas externas devem ser piores do que o esperado. A tendência, diz o economista, é que o câmbio continue pressionado, especialmente até o fechamento do mês, na segunda-feira (31). Nesta sexta-feira, o dólar voltou a subir e fechou a R$ 1,744.
EUA

As bolsas norte-americanas fecharam em queda nesta sexta-feira, depois de operarem com volatilidade ao longo do dia, já que os indicadores do país apontam em diferentes direções. Os investidores comemoraram a notícia de que o índice de inflação PCE, um dos preferidos do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), subiu apenas 0,1% em fevereiro. Por outro lado, a confiança do consumidor norte-americano caiu em março para o menor patamar em 16 anos, apontando uma recessão, segundo pesquisa da Reuters e da Universidade de Michigan.

(Com informações da Reuters e da Globo News)
Fonte: http://www.globo.com/; acesso em 28/03/2008 às 23h37m.

Apenas dois índices da Bovespa acumulam alta

SÃO PAULO, 28 de março de 2008 - O atual cenário econômico mundial tem levado os principais índices acionários a registrarem forte desvalorização no acumulado deste ano, e com os índices brasileiros não é diferente. Dos dez índices que fazem parte da Bolsa de Valores de São Paulo (dois registram alta em 2008.

Entre eles estão o INDX (Índice do Setor Industrial), que avançou 1,8% até a última quarta-feira , enquanto que o ITEL (Índice Setorial de Telecomunicações) registrou alta de 5,3% neste ano. Em 2007, estes índices subiram 40% e 16,1%, respectivamente. "São setores diferentes. No ano passado, as ações do setor de telecomunicações não avançaram muito. Logo, não tinham razão para recuar como os outros papéis. Já algumas indústrias estão sofrendo menos neste cenário de incertezas, uma vez que a demanda interna está aquecida", ressalta Alcides Leite, professor de finanças da Trevisan Escola de Negócios.

Os outros oito índices - entre eles o Ibovespa, IBrX-50 e IBrX - registram baixas superior a 4% até o fechamento da última quarta-feira (26). A maior queda era registrada pelo ITAG (Índice de Ações com Tag Along Diferenciado), com 11,3% de desvalorização no ano. "A questão, fundamentalmente, está na composição dos índices", afirma Leite.

As ações da 30% do Ibovespa, 48% do IBrX-50 e 42% do IBrX. " No FONT <>ano passado, a valorização das commodities foi uma das responsáveis pelo descolamento da bolsa paulista ante a demais bolsas de valores. Quando começa a se falar em crise, os investidores saem de ações e migram para ativos reais. Porém, quando a crise se instala, os investidores saem de commodities e o preço começa a cair", explica Fausto de Arruda Botellho, diretor geral da ano passado, o Ibovespa acumulou valorização de 43,6%, o IBrX-50 registrou alta de 51,2%, enquanto que o IBrX somou alta de 47,8%. No acumulado deste ano - até a última quarta-feira (26), os índices haviam registrado queda de 3,8%, 6,3% e 6,1%, respectivamente.
(Vanessa Correia - InvestNews)

Fonte: http://www.gazetamercantil.com.br; acesso em 28/03/2008 às 15h30m.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Recuperação do mercado.



Artigo escrito por: Cláudio Gradilone, Jornalista, economista, ele escreve regularmente sobre investimentos e finanças pessoais.


Recuperação do mercadoDepois de vários dias de crise, as bolsas apresentaram um significativo movimento de alta nesta terça-feira, dia 25 de março. Além de uma recuperação "técnica" - ou seja, de investidores que buscaram ações baratas - o mercado brasileiro se recuperou devido a dois fatores:


- o primeiro é uma melhora do estado de espírito dos investidores internacionais, especialmente nos mercados dos Estados Unidos. Depois de várias ondas de más notícias abalarem as bolsas, o sentimento que se instala cautelosamente é que o pior pode ter passado. Claro, ainda haverá muitos prejuízos no setor financeiro e a economia americana ainda não dá sinais de recuperação. Na avaliação de um especialista, o mercado americano já pode ter calibrado os preços para refletir a piora das expectativas, o que reduz o espaço para novas quedas fortes;


- o segundo é a força da demanda por commodities, que é o que - em última análise - movimenta as bolsas por aqui. As duas principais ações, Petrobras e Vale do Rio Doce, estão fechando com uma razoável alta. Petrobras PN (PETR4) está fechando a 73,25 reais, alta de 4,6%, e VAle PNA (VALE5) sobe 2,4% e fecha a 47,41 reais.


Em uma entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, o presidente da Vale, Roger Agnelli, disse que o ciclo de alta do minério de ferro vai continuar, apesar da crise financeira nos Estados Unidos. "Nunca na história se viu um consumo tão grande de metais e a oferta está escassa", disse Agnelli. Para ele, a crise está localizada nos Estados Unidos e não deve afetar economias como a China, a Índia e a Rússia.


No caso da Petrobras, rumores de mercado, não confirmados, avaliam que a empresa poderá anunciar a descoberta de um campo de óleo no litoral maranhense. As expectativas dos operadores - que não foram comentadas pela estatal - são de que esse campo poderá ser equivalente ao de Tupi, descoberto recentemente na Bacia de Santos, o que justificaria a alta das ações da Petrobras.Os papéis de bancos também apresentaram uma boa alta. Bradesco, Itaú e Unibanco subiram 4% em média, liderando os ganhos entre os principais papéis do mercado. O fato de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter descartado a hipótese de restringir a concessão de crédito animou as compras desses papéis, que vinham sofrendo nos últimos dias devido às expectativas de contenção do crédito pelo governo. Como autoridades como o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disseram não haver sinais de uma bolha no crédito, o mercado descartou a hipótese da contenção.


Com tudo isso, o humor do mercado melhorou. As perspectivas são boas, mas sempre é bom lembrar que o caminho é para cima - mas não é suave.

Pesquisa revela obras que mais extrapolaram seus orçamentos originais

Reportagem da Revista Exame.
Fonte: http://www.exame.com.br/, acesso em 27/03/2008.
Levantamento realizado pelo Anuário EXAME de Infra-Estrutura revela que alguns dos projetos de infra-estrutura considerados vitais para o crescimento do Brasil tiveram seus valores revistos durante a execução ou mesmo antes de começarem a sair do papel. A revisão do valor inicialmente orçado pode decorrer tanto de falhas do projeto quanto do longo período em que a obra ficou paralisada.

As eclusas de Tucuruí são um exemplo clássico da imprevisibilidade que têm caracterizado as estimativas de custos das obras públicas no país. As eclusas começaram a ser construídas em 1983, sem um prazo definido de conclusão, já que não havia verba assegurada para sua execução. De uma previsão inicial de 466 milhões de reais, o orçamento da obra saltou para 1,2 bilhão de reais – quase três vezes mais. Por falta de recursos, a obra sofreu três paralisações, a última delas em 2004. No início de 2007, o governo federal incluiu as eclusas como uma das prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A nova previsão é que elas fiquem prontas em 2010. O objetivo das eclusas é viabilizar a navegação na Hidrovia Araguaia-Tocantins, para o escoamento de minérios da região e da produção agrícola do centro-oeste. O curso desses rios foi interrompido pela construção da barragem da usina hidrelétrica da Tucuruí. As eclusas permitiriam vencer o desnível de 74 metros criado pela barragem.
Outro projeto grandioso que já completou mais de duas décadas nas pranchetas é o da Ferrovia Norte-Sul, lançado em 1986 pelo então presidente José Sarney. As obras começaram na época sob fortes críticas – dizia-se que era uma estrada de ferro que ligaria nada a lugar algum. Além disso, o projeto nasceu manchado por irregularidades na licitação – o resultado da concorrência foi publicado antecipadamente na forma de um anúncio cifrado em jornal, deixando claro que se tratava de um jogo de cartas marcadas. Sarney terminou seu mandato com apenas 100 quilômetros de ferrovia construídos. Desde então, o projeto passou por uma reavaliação e passou a ser visto como de importância estratégica para o escoamento da safra de grãos da região centro-oeste. Em outubro deste ano, a Companhia Vale do Rio Doce ganhou a concessão de um trecho de 720 quilômetros da Norte-Sul, entre Açailândia (MA) e Palmas (TO). Pelo lance mínino de 1,478 bilhão de reais, a Vale ganhou o direito de explorar o trecho durante 30 anos. Parte do dinheiro arrecadado no leilão deverá ser usada para as obras dos 352 quilômetros que ainda faltam construir no trecho arrematado pela Vale. Esse trecho deve ficar pronto em 2009. Quanto ao restante, a previsão é que seja concluído até 2010. No total, a Norte-sul terá 1 980 quilômetros de extensão.

Outra obra importante cujo valor foi revisto é o trecho Sul do Rodoanel de São Paulo. De um valor inicialmente orçado em 2,5 bilhões de reais, o custo estimado saltou para 3,6 bilhões de reais. Com um traçado de 61,4 quilômetros de extensão (57 quilômetros de pista e 4,4 quilômetros de ligação em Mauá) o trecho Sul começa no município de Mauá, passa por Santo André, São Bernardo, São Paulo, Itapecerica da Serra e Embu, terminando na ligação com o trecho Oeste na rodovia Régis Bittencourt. O governo paulista iniciou a obra em maio de 2007 e pretende concluir o trecho Sul até abril de 2010. O investimento total de 3,6 bilhões de reais compreende a obra propriamente dita, desapropriações, reassentamentos e mitigações e compensações ambientais. De acordo com a Dersa, empresa responsável pela obra, o aumento na previsão dos gastos foi decorrente de mudanças realizadas no projeto com o objetivo de reduzir os impactos ambientais. Parte das mudanças para minimizar os impactos ambientais ocorreu por conta da pressão do Ministério Público Federal e de ambientalistas. Estima-se que, quando o trecho sul do Rodoanel ficar pronto, ele deverá receber 725 000 veículos por dia.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Nova Bolsa brasileira será a 2ª maior das Américas

Qua, 26 Mar, 07h25
Fonte: Yahoo Notícias.

Os Conselhos de Administração da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e da Bovespa Holding aprovaram, em reuniões realizadas ontem, a integração das atividades das duas companhias, com a formação de uma entidade batizada provisoriamente de Nova Bolsa. "Estima-se preliminarmente que esta reorganização societária poderá, até 2010, atingir um potencial de economia de até 25% das despesas operacionais anuais da organização combinada, em função das sinergias existentes", afirmaram as bolsas em fato relevante divulgado ontem à noite.

A Nova Bolsa será uma companhia aberta e com ações negociadas no Novo Mercado. Os acionistas da BM&F e da Bovespa Holding receberão ações ordinárias emitidas pela Nova Bolsa, na proporção de 50% para cada companhia. Além disso, os acionistas da Bovespa Holding, controladora da Bolsa de Valores de São Paulo e da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), receberão pagamento de R$ 1,24 bilhão. As empresas não esclareceram de onde virá essa quantia.

Na manhã desta quarta-feira, serão esclarecidos os termos do acordo. Participarão de entrevista à imprensa os presidentes dos Conselhos de Administração da Bovespa Holding, Raymundo Magliano Filho, e da BM&F, Manoel Felix Cintra Neto, e os diretores-gerais das duas companhias, Gilberto Mifano e Edemir Pinto, respectivamente. Levando-se em conta o valor de mercado somado das duas bolsas brasileiras em fevereiro (cerca de US$ 20 bilhões), a instituição resultante seria a segunda maior das Américas, atrás apenas da Bolsa de Chicago e à frente até mesmo da Bolsa de Nova York.

As ações da Bovespa estrearam em pregão no dia 26 de outubro do ano passado, com expressiva alta. O papel disparou 52%, para R$ 34,99. O sucesso da bolsa paulista criou grande expectativa para a abertura de capital da BM&F, que ocorreu em 30 de novembro. A alta das ações, porém, foi mais modesta: 22%, para R$ 24,42. Ontem, os papéis da BM&F fecharam em R$ 16,68 e os da Bovespa, em R$ 25. Conselho Ficou decidido que a Nova Bolsa terá um Conselho de Administração com igual número de integrantes indicados por BM&F e Bovespa Holding, mas a maioria dos membros será independente.

O processo de avaliação dos ativos das bolsas ("due diligente") está em curso, bem como os preparativos para a submissão da proposta aos acionistas das companhias. A transação também será submetida para apreciação dos órgãos reguladores, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central, além do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Os Conselhos de Administração das duas bolsas resolveram formar um Comitê de Transição que funcionará até 31 de dezembro de 2008. Farão parte os respectivos presidentes e diretores-gerais das companhias. O grupo terá até 60 dias após a data de aprovação do negócio pelas assembléias gerais da BM&F e da Bovespa Holding para indicar o novo presidente do Conselho de Administração e o novo diretor geral.

Em 19 de fevereiro, BM&F e Bovespa Holding anunciaram o início de conversações com o propósito de integrar suas atividades. As negociações, de caráter exclusivo, poderiam durar até 60 dias.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Transporte marítimo é um alternativa rentável para multinacionais.

Por: Peter Lorange*

A indústria do transporte marítimo é um exemplo perfeito de como a globalização obrigará diversas empresas a procederem a reestruturações básicas, recorrendo a novas estratégias e modelos de negócios. Em seu próximo livro sobre o novo pensamento estratégico na indústria de transporte marítimo, o dr. Peter Lorange discorre sobre a turbulência que resultará dessas transformações e que, em sua opinião, criará oportunidades especialmente para quem sair na frente.

Tradicionalmente, o negócio de transporte marítimo bem-sucedido estava associado à sua tonelagem. Tinha também de se desincumbir de várias funções correlatas, tais como a aquisição e a venda de navios, operações financeiras, introdução de inovações no design dos navios e no recrutamento de tripulação própria. Contudo, com o crescimento dos investimentos externos, as empresas de capital aberto e os gestores profissionais estão substituindo as companhias de transporte marítimo privadas e os armadores do passado. Juntamente com essa transformação surge uma preocupação com a integridade, pontualidade e exatidão dos relatórios financeiros.

Consolidação

As empresas de transporte marítimo reagiram à pressão por melhor desempenho através da consolidação, porque tinham de ser grandes para competir na economia global. O tamanho não só lhes dava a possibilidade de deslocar seus navios pelo mundo para tirar vantagem máxima das flutuações da oferta e da demanda, como também dissuadia possíveis concorrentes de entrar no mercado. O mais importante de tudo, porém, foi que o financiamento alternativo, baseado em frotas de grande escala, produziu os resultados financeiros esperados pelos acionistas.

Especialização

Contudo, as empresas que aspiram ao posto de vencedoras globais podem encontrar na especialização a resposta que procuram. Com a especialização, as companhias de transporte definem suas atividades principais e, em seguida, as atividades padronizadas que podem ser terceirizadas. Isto significa que uma empresa pode identificar uma parte do negócio em que se sobressai e ampliar suas atividades repassando-as a outros setores, produzindo dessa forma um produto especializado em condições de competir no mercado global.

A especialização resultante desmembra as companhias de transporte integradas em quatro categorias — as que possuem aço, as que usam o aço, as que operam com aço e as que inovam utilizando o aço. As empresas que possuem aço se preocuparão com a questão do tamanho, da escala e com custos baixos. As que utilizam o aço se preocuparão em criar laços fortes com sua clientela com base em seu objetivo, marca, operações, serviços etc. A terceira categoria se concentrará nos processos de inovação associados ao aço, enquanto a quarta se especializará na operação do aço centrada no baixo custo da tripulação contratada e nas atividades de manutenção.

Por que mudar?

Para os que se esforçam para superar o aspecto sentimental associado à posse de um navio, há cinco razões principais pelas quais a empresa de transporte integrada terá de passar por uma reavaliação. Em primeiro lugar, porque a posse do aço exige, via de regra, um acompanhamento de longo prazo, o que requer muita liquidez, e cujo resultado apresenta um alto fator de risco. Ao usar o aço, porém, torna-se imperativa a adoção de uma gestão que ponha fim aos prejuízos!

Em segundo lugar, a propriedade do aço implica a administração eficiente dos navios, e requer um timing para a compra e venda, sendo o navio a unidade de transação em questão. Contudo, a utilização do aço exige também uma engenharia financeira, operações de fretamento, marketing e transações com derivativos de frete etc. — não necessariamente baseados no navio como unidade de transação.

Em terceiro lugar, enquanto no passado as diferentes atividades de transporte eram integradas em um único pacote, hoje o cliente tem acesso a especialistas a um custo módico. É provável que não haja praticamente retorno algum a longo prazo no controle exclusivo de todas as etapas do negócio como ocorria no passado com as grandes empresas de transporte integrado. Na verdade, o efeito pode ser o oposto disso. Por exemplo, se uma companhia especializada em inovações, como a Marsoft, fosse dona de algum navio, participasse de transações comerciais ou de atividades operacionais, suas orientações não seriam mais encaradas com imparcialidade.

Em quarto lugar, o financiamento assume diferentes formas com a especialização. No caso dos armadores, por exemplo, a principal preocupação consiste em assegurar fluxos de capital a custos baixos. No caso das empresas comerciais e de fretamento, porém, a ênfase recai sobre a obtenção de financiamentos a custos razoáveis com base em um fluxo de caixa relativamente estável e, de preferência, em constante elevação. Isso também facilitaria a obtenção de fundos públicos — ao contrário do que ocorre com os padrões menos previsíveis de fluxos de caixa das companhias armadoras tradicionais.

Por fim, diferentes aspectos da cadeia de valor exigem diferentes competências; além disso, pode ser difícil a gestão de numerosas atividades não relacionadas em patamares de nível mundial. Ao se limitarem as atividades, as chances de melhor desempenho aumentam, bem como as chances de sucesso da empresa.

Papel ou aço?

Na realidade, tanto a “propriedade do aço” quanto a “utilização do aço” podem ser encontradas na mesma empresa, mas é importante separar o foco de cada categoria do negócio. A Awilco, uma companhia norueguesa, tem duas plataformas marítimas: navios-tanques e plataformas de abastecimento offshore, mas a empresa se especializa também em investimentos em ações nos segmentos de transporte marítimo e de atividades offshore. Para isso, recorre a seu conhecimento especializado, que lhe garante o melhor retorno possível antes que a maioria dos investidores institucionais saiba a quantas anda o desempenho do mercado subjacente.

Essa tendência cada vez mais acentuada, que privilegia as operações com papéis no mercado, ganha força com o advento de derivativos e futuros com volumes de negociação tão bons quanto os da Bolsa Marítima Internacional (International Maritime Exchange, IMAREX). Podem-se também criar fundos específicos tendo em vista a compra e venda de navios. Para que esse objetivo tenha êxito, é imprescindível atentar para o timing de entrada e de saída do mercado. Não há dúvida de que é mais fácil entrar e sair do mercado acionário e/ou do mercado de futuros do que comprar e vender navios de verdade.

As companhias de transporte que privilegiam a inovação constituem a terceira categoria de especialização. No passado, as companhias integradas costumavam trabalhar com inovações surgidas no interior do seu espaço de trabalho — muitas vezes com resultados de caráter relativamente “caseiros”. A especialização quase sempre produz resultados de qualidade. A parte operacional, ou a quarta categoria, diz respeito à tripulação e à manutenção diária dos navios.

O que fazer

Diante da necessidade de se adaptar, a primeira coisa que uma companhia armadora deve fazer é identificar em que lugar se encontram as oportunidades mais promissoras hoje e no futuro. A isso deveria se seguir uma análise especializada de uma das categorias acompanhada de uma compreensão objetiva dos fatores críticos de sucesso. É importante que a administração compreenda o que é fundamental para seu negócio em particular dependendo da categoria específica escolhida. É igualmente importante compreender quem são os clientes de cada categoria, bem como o tipo de serviço que desejam.

No caso das companhias armadoras especializadas em ascensão, é fundamental que o planejamento, a liderança, funcionários e gerentes tenham o perfil da categoria escolhida. Não há uma maneira específica de comandar uma transportadora. O que vale é atentar para o que realmente importa — e esses fatores críticos de sucesso serão diferentes em cada uma das quatro categorias de negócios.


Fonte: Revista Época, acesso em 22/03/2008, às 17h00m.
*Peter Lorange é presidente do IMD (International Institute for Management Development), instituto suíço de educação para executivos.