
A produção estatal de fertilizantes pode ser a saída encontrada pelo governo para contornar a alta dos alimentos, que vem se refletindo na inflação. Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros estão negociando com a Petrobras a produção estatal de fertilizantes, como forma de reduzir os preços desses insumos, que, segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, representam cerca de 40% do custo da produção de alimentos.
"Se for necessário, evidentemente a Petrobras terá que entrar nisso. Se for o caso, nós vamos agir também, ou até reestatizar alguns setores que são necessários", afirmou Stephanes em entrevista publicada pela Agência Brasil nesta sexta-feira (13). A pedido de Lula, os ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e Dilma Rousseff (Casa Civil) vão se reunir com a Petrobras e a Vale para diminuir a importação de fertilizantes pelo Brasil.
Stephanes explicou como seria uma essa estatização do setor. "Quando a gente fala de estatizar, não significa aquela idéia antiga de estatismo, mas sim que a Petrobras, como grande empresa produtora, poderá se associar a algumas empresas privadas [brasileiras], ou mesmo a cooperativas, no sentido de atuar em determinados setores", disse o ministro na entrevista.
IMPORTAÇÃO
Atualmente, segundo Stephanes, o Brasil importa cerca de 70% dos fertilizantes que utiliza. Ele afirma que o governo já tem o diangóstico de suas possibilidades para mudar esse quadro. O Planalto sabe que apenas 40 países produzem fósforo, enquanto outros 12 têm potássio, os dois elementos que, junto com os nitrogenados, são os principais componentes do adubo. Stephanes acredita que no caso do potássio pode de desabastecimento no futuro.
"Diria que é um item estratégico para o Brasil, já que o país é altamente dependente da importação de fertilizantes. Já sabemos que no caso do fósforo temos minas para nos tornarmos auto-suficientes no prazo de cinco a dez anos, em nitrogenados também temos essas condições e no caso do potássio temos também uma grande mina que precisa de uma análise mais técnica e ambiental porque ela fica situada no Amazonas", afirmou à Agência Brasil.
DEPENDÊNCIA
Hoje, mais de 75% do mercado nacional de fertilizantes é controlado por apenas três empresas, o que é apontado por alguns técnicos da área agrícola como um oligopólio que prejudica os produtores. O ministro diz que, apesar da complexidade do mercado, o governo já estuda algumas soluções para o problema.
Mexer nessa estrutura não é fácil, mas de qualquer forma o Brasil (...) tem algumas idéias de como melhorar a competitividade e a nossa capacidade de produção e de distribuição, e evitar essa volatilidade de preço que existe", disse.
Fonte: Globo, disponível em: http://www.globo.com.br/, acesso em 13/06/2008 às 12h40m.
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