segunda-feira, 5 de maio de 2008

Bolsas ficam mais fortes com a crise


Concentração no mercado de ações continua, apesar dos problemas na economia dos EUA

As concentração dos negócios com ações e derivativos em poucas e gigantescas bolsas de valores sugere que, em um futuro não muito distante, o mundo financeiro estará concentrado em um ou dois megamercados globais. A integração da Bovespa e da BM&F, confirmada no final de março, é um passo quase inevitável nessa direção. Mesmo assim, acionistas das duas bolsas e demais observadores se perguntam se, dada a crise financeira no mercado americano, o movimento não foi feito em falso. A resposta é não. Uma das lições mais surpreendentes e menos comentadas desta temporada é que bolsas de valores se fortalecem nas crises. Quanto mais volátil o mercado, mais elas faturam, por causa do aumento das transações de compra e venda de papéis financeiros.


As maiores bolsas do mundo tiveram excelentes resultados em 2007. A de Nova York fechou o ano com lucro líquido de US$ 643 milhões, 214% superior ao de 2006. Duncar Niederauer, seu presidente, atribuiu o resultado ao crescimento recorde dos volumes negociados em todos os 12 mercados de ações e derivativos nos quais a instituição atua hoje, a partir de cinco países. De modo ainda mais extraordinário, a Nasdaq, conhecida como a bolsa das empresas de tecnologia, elevou seus lucros em 307% de 2006 para 2007, atingindo o montante de US$ 518,4 milhões.

Há pelo menos dois anos, a Nasdaq vinha tentando assumir o controle da Bolsa de Londres. Em 2006, chegou a comprar 25% do capital do mercado londrino, que já resistira a ofertas de compra de suecos, alemães e australianos. O assédio só cessou em agosto do ano passado, justamente quando a bolha imobiliária americana explodiu. A Inglaterra está entre os países mais afetados pela crise, mas a Bolsa de Londres só se fortaleceu. No último trimestre do ano, o volume de transações lá realizadas cresceu 56%, elevando o faturamento em 87%.


Além de lucrar com a aceleração das trocas de ativos financeiros neste período de nervosismo, as grandes bolsas se beneficiam de poderosos ganhos de escala. A Bolsa de Nova York, conhecida pela sigla Nyse, é o melhor exemplo. Os seus antigos sócios resistiram o quanto puderam à abertura de capital. Finalmente, em março de 2006, lançaram ações no mercado. Capitalizada, a Nyse foi às compras. Adquiriu, em abril do ano passado, a Euronext - ela própria amálgama dos mercados de Paris, Bruxelas e Amsterdã. Na seqüência, incorporou ao grupo a bolsa de futuros de Paris e a Bolsa de Lisboa. O conglomerado resultante é a maior bolsa do mundo. Seu valor de mercado, da ordem de US$ 18 bilhões, é mais que o dobro do da segunda colocada, a Bolsa de Londres, que recentemente comprou a Bolsa de Milão. Aberturas de capital e fusões de bolsas têm significado redução do custo de intermediação da compra e venda de ações e commodities. Mas especialistas temem que o avanço da concentração inverta a tendência. "É o risco de todo monopólio ou oligopólio", diz Robert Shiller, economista de Yale. "Cobrar mais caro pelo mesmo serviço."


Por Maria Helena Passos a Época Negócios.

Fonte: Época Negócios, disponível em: http://epocanegocios.globo.com/; acesso em 05/05/2008 às 09h45m.

sábado, 3 de maio de 2008

Risco Brasil cai mais 2,9% e fecha aos 201 pontos


SÃO PAULO - Considerado um dos principais termômetros da confiança dos investidores na economia brasileira, o EMBI+ Brasil, calculado pelo Banco JP Morgan Chase, encerrou aos 201 pontos nesta sexta-feira, com queda de 2,9% perante os 207 pontos do fechamento da véspera. Desde a quarta-feira, quando o Brasil recebeu a classificação de grau de investimento da agência Standard & Poor`s, o risco Brasil já caiu 10,6%, ou 24 pontos, já que na terça o indicador havia fechado em 225 pontos.


No mercado secundário de títulos da dívida externa brasileira, o Global 40 foi negociado a 136,875% do seu valor de face, com recuo de 0,18%. O segundo papel mais representativo do índice do JP Morgan, o Global 18 ou A-Bond (Amortizing Bond ou Bônus de Amortização), marcou 113,750%, com queda de 0,06%.


Sobre o EMBI + Brasil


O Emerging Markets Bond Index - Brasil é um índice que reflete o comportamento dos títulos da dívida externa brasileira. Corresponde à média ponderada dos prêmios pagos por esses títulos em relação a papéis de prazo equivalente do Tesouro dos Estados Unidos, tido como o país mais solvente do mundo, de risco praticamente nulo. O indicador mensura o excedente que se paga em relação à rentabilidade garantida pelos bônus do governo norte-americano. Significa dizer que a cada 100 pontos expressos pelo risco Brasil, os títulos do país pagam uma sobretaxa de 1% sobre os papéis dos EUA.


Basicamente, o mercado usa o EMBI+ para medir a capacidade de um país honrar os seus compromissos financeiros. A interpretação dos investidores é de que quanto maior a pontuação do indicador de risco, mais perigoso fica aplicar no país. Assim, para atrair capital estrangeiro, o governo tido como "arriscado" deve oferecer altas taxas de juros para convencer os investidores externos a financiar sua dívida - ao que se chama prêmio pelo risco.


Fonte: Valor Online, com agências internacionais, disponível em: http://www.valor.com.br/; acesso em 03/05/2008 às 12h18m.